VOCÊ CONCORDA OU DESCORDA COM O GOOGLE DE NÃO LIBERAR 15 MINUTOS DE RASTREAMENTO DE TODOS CIDADÃOS PERTO DO LOCAL DO ASSACINATO DE MARIELLE?

Google vai recorrer ao STF para não liberar dados sobre Caso Marielle

Por Agência O Globo
26/08/2020 21:30:12

A Google irá recorrer  da decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que rejeitou um recurso da defesa da empresa e manteve a ordem para que ela entregue dados  para ajudar nas investigações que cheguem ao mandante da execução da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, no dia 14 de março de 2018.

O Google entrou com um mandado de segurança se recusando a oferecer as seguintes informações:

• Todos os dados de geolocalização dos usuários que estavam na noite de 2 de dezembro de 2018 nos arredores de onde foi visto pela última vez o carro usado pelos atiradores. Devem ser apresentadas informações coletadas em um período de 15 minutos;

• Buscas no Google por sete palavras-chave ("Marielle Franco", "vereadora Marielle", "agenda Marielle", "agenda vereadora Marielle", "Casa das Pretas", "Rua dos Inválidos 122" e "Rua dos Inválidos") feitas por quaisquer usuários nos cinco dias antes da noite do crime.

• cada usuário atingido pela medida seria identificado pelo seu IP, sigla em inglês para protocolo de internet —que funciona como uma impressão digital dos seus respectivos acessos à internet. A questão em jogo é que fornecer esses dados à investigação, diz a empresa, viola a privacidade de milhões de usuários que nada tinham a ver com o crime para poder chegar aos culpados.

Durante o julgamento, o advogado Eduardo Mendonça, que representou o Google, destacou que a empresa colaborou fornecendo "dados específicos de mais de 400 pessoas e dados de conteúdos específicos de mais de 30 usuários" à investigação. A empresa argumentou que os dois pedidos eram desproporcionais —ou seja, além do necessário para o caso— e pouco específicos.

imbróglio jurídico se arrasta desde o ano passado e deve prosseguir , uma vez que os advogados da Google levarão o tema para ser discutido no Supremo Tribunal de Justiça (STF).

Enquanto o Ministério Público do Rio e a Delegacia de Homicídios da Capital (DH) defendem a importância de se elucidar um crime com repercussão internacional contra uma ativista de direitos humanos, a empresa ressalta que é preciso manter a privacidade dos dados de seus clientes.

O direito à privacidade é um tema constitucional.

Ao ser perguntada se iria recorrer da decisão, a Google respondeu, por meio de nota, que "lamenta a decisão tomada hoje pelo Superior Tribunal de Justiça". E prosseguiu: "Reiteramos nosso respeito ao trabalho de investigação das autoridades brasileiras, com as quais colaboramos de modo consistente.

Embora tenhamos atendido diversas ordens expedidas no caso em questão, entendemos que a discussão levada ao STJ envolve pedidos genéricos e não individualizados, contrariando a proteção constitucional conferida à privacidade e aos dados pessoais.

Mais uma vez, o Google reafirma o compromisso com a privacidade dos brasileiros e está avaliando as medidas a serem adotadas, inclusive um eventual recurso ao Supremo Tribunal Federal".

A viúva de Marielle, Monica Benicio, comemorou a decisão do STJ para elucidar o crime, chegando ao mandante:

"Foi acertadíssima a determinação do STJ. O direito ao sigilo não é absoluto e não cabe quando se trata de um crime político que abalou a democracia e chocou o mundo.

O interesse na resolução desse assassinato é da sociedade. Inclusive, sigilo e Google são coisas que não se combinam quando se tratam de interesses comerciais, né?! Por que essa demonstração extrema de preocupação com o sigilo justo nesse caso? Duvido que exista alguém que se sinta incomodado  por esse levantamento, a não ser os próprios envolvidos .

E por falar em sigilo, é importante registrar que até hoje não me foi dado acesso ao inquérito, embora tenha requerido formalmente mais de uma vez.

Por Agência O Globo
26/08/2020 21:30:12