đ° - Bolsonaro entra em Negociação para entregar o MinistĂ©rio da Educação para o CentrĂŁo mostra a fragilidade e demostra que pode ser Corrompido ?.
Veja a matéria a seguir publicada na Revista Veja, Fonte; "Veja Abril", ,
Para todo problema de um presidente em apuros, o Centrão tem a solução. O Centrão é o nome dado à geleia de partidos que estå sempre disposta a apoiar o governo de plantão em troca de cargos e emendas.
Jair Bolsonaro se elegeu prometendo tirar o grupo do lugar, mas agora, com medo de um processo de impeachment, foi se socorrer na velha turma do dando-que-se-recebe.
Primeiro, o presidente recriou o MinistĂ©rio das ComunicaçÔes para agradar a Silvio Santos e dar as verbas de publicidade para o CentrĂŁo gerenciar.Agora, ele negocia dar a outro indicado do grupo, o secretĂĄrio do ParanĂĄ, Renato Feder, o cargo de ministro da Educação. Isso sem contar as dĂșzias de cargos que Bolsonaro jĂĄ entregou, da distribuição de merendas ao Banco do Nordeste, da compra de material hospitalar ao programa de combate Ă seca.
Pense em um escĂąndalo no Brasil nos Ășltimos trinta anos e sempre vocĂȘ vai encontrar um personagem do CentrĂŁo. Emenda da reeleição? Sim. MensalĂŁo? Sim. Lava Jato? Sim. JBS? Sim. Agora vai ser diferente? Veremos.
Uma caracterĂstica do CentrĂŁo Ă© que seu valor Ă© como o dĂłlar, varia conforme as condiçÔes. Dois meses atrĂĄs, quando a pandemia começou a minar a popularidade de Bolsonaro, os generais Luiz Ramos e Braga Netto achavam que poderiam reunir o apoio de 200 deputados do CentrĂŁo em troca de estatais e cargos de segundo escalĂŁo.
Por que 200? Porque num eventual processo de impeachment, o presidente precisa de 172 votos para se manter no cargo.
SĂł que neste meio tempo, Bolsonaro afundou e o valor dos votos do CentrĂŁo subiu. Os inquĂ©ritos no Supremo Tribunal Federal sobre a distribuição de notĂcias distorcidas (fake news) e atos pela ditadura revelam uma trilha de dinheiro sujo para financiar youtubers, disparos em massa de mensagens pelo WhatsApp e comĂcios bolsonaristas.
Onze parlamentares bolsonaristas e cinco empresĂĄrios tiveram os seus sigilos bancĂĄrios quebrados. E depois ainda veio a prisĂŁo de FabrĂcio Queiroz, o faz-tudo da famĂlia presidencial.
Na defensiva, o presidente precisa mais ainda da segurança de 200 votos, mas o preço subiu.
Os MinistĂ©rios das ComunicaçÔes e da Educação sĂŁo sĂł o inĂcio. O apetite dos partidos do CentrĂŁo aumenta com a fraqueza do presidente.
SĂł que o amor do CentrĂŁo Ă© volĂșvel. Vale lembrar uma historieta sobre o PP, hoje rebatizado de Progressistas, durante o impeachment de Dilma Rousseff.
Ao longo dos governos Lula e Dilma, o PP dominava o MinistĂ©rio das Cidades. Pois bem, quando Dilma e Michel Temer disputavam voto a voto o processo de impeachment, o PP exigiu ter alĂ©m das Cidades, a presidĂȘncia da Caixa EconĂŽmica Federal e o MinistĂ©rio da SaĂșde.
E assim, o partido que passou nove anos ao lado do PT trocou de lado. Moral da histĂłria: como se diz em BrasĂlia, ninguĂ©m compra o CentrĂŁo.
SĂł aluga. A dĂșvida agora Ă© por quanto tempo Bolsonaro terĂĄ a fidelidade dessa turma.
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